01 outubro 2010

Velho porão

Poeira, mofo e histórias. Cheiro de coisa velha. Era a primeira coisa que eu sentia quando entrava no porão, cheio de entulho, com coisas que costumava usar. Naquele pequeno quarto, cabia todas as minhas coisas, todas as minhas vivências, todas as minhas experiências no mundo lá fora. Uma bagunça, coisas jogadas e espalhadas pelo chão. Tudo que um dia fazia meu dia, agora completava aquele quarto, enchia-o de vida. Costumava achar que ficariam ali pra sempre, todos os momentos da minha vida, detalhe por detalhe de histórias para contar. Aquelas coisas velhas que me lembravam, de tempos em tempos, quem eu fui. Mas, de repente, tudo foi embora. Ficou vazio e enxuto; perdeu toda graça. Acabaram as memórias; uma hora, a gente sempre deixa elas irem, ainda que sejam inesquecíveis. Agora já não sinto mais o cheiro de coisa velha, ofuscando o quarto e enchendo meus olhos de lágrimas. Só sinto um cheiro enjoativo de nada. No lugar da bagunça, sobraram apenas vestígios. Uma imagem deprimente e agonizante, uma imagem de pavor e velhas lembranças...

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