25 outubro 2022

Nossa estranheza

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Cabe a nós definir que vida somos a nossa. Ela passa despercebida diante dos nossos olhos, sem demonstrar qualquer remorso ou instruções de como ser vivida. Então, porque não podemos nos dizer a nossa própria verdade sem doer aos nossos caprichos? É difícil manter a sanidade quando ela ecoa nos nossos movimentos mais remotamente ambíguos, longe dos flashes da vida urbana. A vida privada... nos priva. Privacidade a quem? A quem satisfaz a nossa solidão? Uma vez perdida na nossa própria completude, manter as aparências dói, discretamente, no nosso ser finito. Aquela que busca incessantemente uma forma de ser incessante, para si, para outros, a quem importa ser. Porque tudo na vida é sobre correr atrás, até para que nos mostre quem pode ser capaz de nos merecer.



Muitas coisas a gente consegue perceber ao longo da vida que nos molda de forma cada vez mais intensa. Nem sempre é sobre nos anular; é mais sobre a percepção que se colocar na vida do outro para entender o que o machuca quando ninguém está vendo e como isso nos atinge. Nossa complexidade medida sob a ótica de que haverá coisas que nem mesmo a gente entende sobre nós mesmos; logo, partilhar a vida é difícil em muitos sentidos. Mas a gente tenta da melhor maneira existir tentando nos entender, para deixar um outro alguém nos compreender e entrar na nossa estranheza que é ser.

Estremecendo

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Um sol imenso que cabe
dentro do teu sorriso
Alcance inesquecível
do saber amar

Uma vida inteira de (in)completude
para um dia de compreensão
Será aquele amor da vida
ou apenas um segundo de emoção?

A luz que em ti habita
corrói minhas paredes suspensas
Me enlaça, quebra
todas as minhas defesas
e me condensa...


intensamente.

03 outubro 2022

Quando a vida acerta

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Quanto custa sentir? O teu beijo no meu rosto, o teu abraço apertado no meu colo... Cada dia que passa, a tua intensidade, a tua imensidade me devora. Não sei por que nossas vidas se encontraram, mas sei que tudo tem um sentido e um destino. Talvez o meu já esteja traçado; talvez tua companhia seja a felicidade em si, repentina. Como me impedir de sentir tudo aquilo que tu me traz à tona? Tua poesia me encanta, desperta-me!... Em ti, enxergo aquele bem que um dia a gente só sonhou e nunca falou em voz alto, por medo de estar imaginando coisas que não existem. Não consigo expressar em palavras aquilo que se remexe aqui dentro quando ponho os olhos em ti, quando entrelaço meus dedos no teu, quando a tua simples companhia me abrange de maneira inteira e particular.


Não sei explicar, mas até quando isso será parte da minha vida? Espero que não tenha tempo suficiente no calendário da vida...

25 maio 2022

Carta aberta

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Nunca tive muita demonstração de amor ao longo da minha vida. Sentimentos eram coisas imaginadas, não demonstradas. Um abraço era algo raro e que devia ser comemorado e apreciado, com seu devido calor, pois demorariam a ser sentidos tão cedo. Até mesmo os pequenos detalhes, que fazem a gente sentir o amor nos pequenos toques, eram dificeis de serem vistos. Quando apareciam, muito apreciados. Aprendi, então, a viver assim, mesmo dizendo para mim mesma que nada daquilo era normal ou mesmo saudável. Mas a gente cresce com aquilo que a gente conhece e eu conheci a vida assim. Fria, quieta, sem coração. Até uma simples conversa é dificil de ser assimilada, pois a falta delas me afetou mais que uma única delas. Falar, demonstrar e conversar sentimentos é a coisa mais dificil da minha vida. 




A carta aberta é pra mim. Pra eu me dizer que preciso seguir em frente, apesar de todas essas faltas. Pra me ensinar que existe muito mais vida que aquela que me foi esquecida. Pra me mostrar que quero (muito!) e preciso mudar, se quiser uma vida de verdade, não só comigo mesma. Pra me buscar de volta aqui dentro, no meu lugar bom, no meu eu escondido embaixo de tantas camadas duras. Pra me reviver tudo aquilo que eu sei que sou e o que tenho potencial pra ser, apesar de tentarem sempre me falarem o contrário e apontarem em outra triste direção (incluindo eu mesma). Pra não deixar as palavras dos outros pesarem mais em mim que as minhas próprias. Eu estou tentando todos os dias ser alguém, não diferente de mim, mas o mais próximo do eu sem vicios e friezas. A pessoa que sou é alguém que só eu posso dizer, mas também posso dizer pros outros o que quero ser e o que de mim vai vir, apesar de eu nunca ver.


Prazer, eu.

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