25 maio 2022

Carta aberta

Nunca tive muita demonstração de amor ao longo da minha vida. Sentimentos eram coisas imaginadas, não demonstradas. Um abraço era algo raro e que devia ser comemorado e apreciado, com seu devido calor, pois demorariam a ser sentidos tão cedo. Até mesmo os pequenos detalhes, que fazem a gente sentir o amor nos pequenos toques, eram dificeis de serem vistos. Quando apareciam, muito apreciados. Aprendi, então, a viver assim, mesmo dizendo para mim mesma que nada daquilo era normal ou mesmo saudável. Mas a gente cresce com aquilo que a gente conhece e eu conheci a vida assim. Fria, quieta, sem coração. Até uma simples conversa é dificil de ser assimilada, pois a falta delas me afetou mais que uma única delas. Falar, demonstrar e conversar sentimentos é a coisa mais dificil da minha vida. 




A carta aberta é pra mim. Pra eu me dizer que preciso seguir em frente, apesar de todas essas faltas. Pra me ensinar que existe muito mais vida que aquela que me foi esquecida. Pra me mostrar que quero (muito!) e preciso mudar, se quiser uma vida de verdade, não só comigo mesma. Pra me buscar de volta aqui dentro, no meu lugar bom, no meu eu escondido embaixo de tantas camadas duras. Pra me reviver tudo aquilo que eu sei que sou e o que tenho potencial pra ser, apesar de tentarem sempre me falarem o contrário e apontarem em outra triste direção (incluindo eu mesma). Pra não deixar as palavras dos outros pesarem mais em mim que as minhas próprias. Eu estou tentando todos os dias ser alguém, não diferente de mim, mas o mais próximo do eu sem vicios e friezas. A pessoa que sou é alguém que só eu posso dizer, mas também posso dizer pros outros o que quero ser e o que de mim vai vir, apesar de eu nunca ver.


Prazer, eu.

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