às
21:59
29 agosto 2016
Longe da escuridão
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Renata Fonseca
A escuridão faz diferentes
reações nas pessoas. Algumas se desesperam diante dela. Não sabem o que fazer
nem por onde ir. A esperança facilmente vai embora e o coração é um montante puro
de medo e terror. É como o fim do mundo, por assim dizer. Para outras, a
escuridão é apenas diversão, somente mais uma coisa a ser enfrentada. Covardes versus corajosos. Eu não sou nenhum dos
dois. Para mim, a escuridão é uma mistura de sentimentos vivos que se
materializava através de lágrimas. Por isso, a minha visão era um pouco
desfocada e mesmo quando o sol nascia, eu só via e vivia escuridão. Mas o que
eu posso dizer sobre sentimentos quando os mesmos me enganaram da forma mais
mesquinha possível? Eu vi dor e felicidade em uma mesma sentença. Vi também o
porquê de as estrelas só aparecerem na escuridão da noite; é porque até
a Lua tinha companhia.
Mas foi
no calor de um momento intenso de escuridão que fiz perceber a mim mesma dentro
de um grupo de pessoas que simplesmente existiram na minha vida. Simplesmente
porque se importaram. Por mais que a solidão faça parte de mim hoje, não sei
expressar em palavras o quanto pude me sentir abraçada por poucas pessoas, mas essenciais, em tão curto espaço de tempo. Eu me vi abraçada, afagada e enlaçada nos
braços de tanta gente, que tomaram conta de mim e das minhas dores por motivo nenhum em especial,
apenas porque eu precisava, e levaram de mim meus pensamentos hostis, abrindo caminho
para me permitir ser feliz. E a força desse carinho me deu força para encontrar
uma luz: amigos. Foi no calor de um momento intenso que encontrei o calor da amizade.
Eu sabia, então, que nada mais me
lembraria o medo da solidão que eu senti há algum tempo atrás, pois foi quando essas
pessoas começaram a fazer e acontecer em minha vida. A mesma vida que antes era
vazia, onde apenas eu mesma me fazia companhia, agora era cheia de esperança,
apesar de a minha vida ainda deturpar um pouco as coisas que sinto e bagunçar
bastante a minha mente. Mas de fato eu sabia ser esse justamente o motivo pelo
qual esse medo da solidão nunca mais retornaria para mim. Elas simplesmente
apareceram e nunca mais a minha vida foi a mesma, porque cada uma delas me fez
sentir, o que era uma coisa totalmente nova para mim dentro da minha solidão.
Fizeram-me sentir medo de perdê-las.
às
20:15
Silêncio
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Renata Fonseca
É uma sensação estranha perceber quantos sons existem ao seu redor que não eram nem mesmo escutados ou notados antes. Sons esses que são quase barulhos agora, pois não representam mais o mesmo significado de antes. Ganharam um tom novo, mais parecido com o nada. Só então que me percebo cercada por um silêncio ensurdecedor, não encontrando mais harmonia nem na música que antes era o conforto do meu coração. Esses sons barulhentos se estendem pelo dia todo, terminando apenas com o cair dos meus olhos adormecidos pelo cansaço merecido.
Incomoda-me, então, o barulho de uma porta se abrindo, que já não traz mais alguém que eu queria perto de mim; incomoda-me o barulho de uma mensagem ou ligação no celular, que eu já sei não ser de alguém de um passado tão presente; incomoda-me o barulho de uma música antiga, que representou a vida de uma história toda; incomoda-me o barulho das lágrimas caindo na mesa de vidro, escorrendo pelo rosto triste e encharcadas de solidão. Incomoda-me até o mais simples dos barulhos, e também o mais gritante e sufocante de todos - o barulho do silêncio, que surge depois de todos os barulhos irem embora e ressurgirem nos próximos minutos. Sem dúvida nenhuma, o mais difícil de escutar e aquele se repete todos os dias desde então.
às
22:53
23 agosto 2016
Barulho de madrugada
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Renata Fonseca
A lua gira em torno de um quarto sem esperança. Uma noite longa e repleta de reflexões umedecidas pela silêncio está por vir. Os carros solitários passam na rua à uma da manhã, levando a angústia dos que jogaram suas mágoas em um poço vazio e esperam apenas que o sol renasça na sua janela algum dia. Tudo parece normal. As mesmas luzes dos postes na rua, enriquecidos pelos voos sonolentos dos mosquitos; as tristes nuvens pairando no ar, tentando adormecer com a música trazida pelos ventos; o angustiante e assustador balanço das árvores e seus galhos, sempre acompanhados, sempre vivos. O mundo está parado. Mas é nessas horas que o coração acorda. Um barulho chato incomoda todos os meus pensamentos. Saudade, saudade, amor. Sentimentos que martelam o peito, antes inchado, quase se afogando em águas calmas, porém cintilantes. Hoje, essas mesmas águas permanecem, transbordando, agitadas... com a mínima possibilidade de se aquietar. As imagens vêm, tentando formar um sentido e encontrar um significado. Não há para onde fugir, a cabeça sempre volta para o mesmo lugar.
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