29 agosto 2016

Silêncio

É uma sensação estranha perceber quantos sons existem ao seu redor que não eram nem mesmo escutados ou notados antes. Sons esses que são quase barulhos agora, pois não representam mais o mesmo significado de antes. Ganharam um tom novo, mais parecido com o nada. Só então que me percebo cercada por um silêncio ensurdecedor, não encontrando mais harmonia nem na música que antes era o conforto do meu coração. Esses sons barulhentos se estendem pelo dia todo, terminando apenas com o cair dos meus olhos adormecidos pelo cansaço merecido.


Incomoda-me, então, o barulho de uma porta se abrindo, que já não traz mais alguém que eu queria perto de mim; incomoda-me o barulho de uma mensagem ou ligação no celular, que eu já sei não ser de alguém de um passado tão presente; incomoda-me o barulho de uma música antiga, que representou a vida de uma história toda; incomoda-me o barulho das lágrimas caindo na mesa de vidro, escorrendo pelo rosto triste e encharcadas de solidão. Incomoda-me até o mais simples dos barulhos, e também o mais gritante e sufocante de todos - o barulho do silêncio, que surge depois de todos os barulhos irem embora e ressurgirem nos próximos minutos. Sem dúvida nenhuma, o mais difícil de escutar e aquele se repete todos os dias desde então.

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