17 janeiro 2011

Trovoada

Após uma tempestade, é provável que nada fique igual. As pessoas ou o mundo, nada jamais retorna ao que foi. Muito pode mudar, muito pode acabar. Eu não fiquei igual; eu morri.

            
                         Mediante os pequenos pedaços de vidro espalhados pelo chão, imagem de um mundo devastado que só queria o amanhã. Eu, como qualquer outro, não queria enxergar nada. Só queria correr. Na euforia do momento, escorreguei e não percebi, ou não queria perceber, o que a vida estava tentando me mostrar. Eu deixei muito para trás. Uma vida inteira ou fragmentos dela, mas ainda sim uma vida com a qual ainda tinha muito a aprender. Queria apenas correr e, se pudesse, voar. Melhor mesmo seria se eu ainda pudesse sonhar.
                   Os meus sonhos fluíam através de mim. Incentivaram-me a viver por muito tempo, ainda que eu nunca tenha sido muito boa em interpretá-los ou realizá-los. Mas o mundo no qual cresci era hostil e perdido e a verdade é que a vontade que eu tinha era de simplesmente nunca ter nascido. Com o tempo, deixei de sonhar; já não me trazia esperança, apenas ilusão, então apenas desisti. Durante muito tempo, acreditei friamente não ter mais nada a sentir dentro de mim. Mas muito haviam me dito algo como nunca ter me apaixonado. Era uma palavra muito estranha. Eu lhes perguntava o que era aquilo e o que via era a incredulidade da mais horrenda em seu olhos. Uma bobagem qualquer, pensava eu, até acabar por senti-la. Logo veio a primeira gota da tempestade, e a água encaminhou o resto dos meus dias para o ralo.

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