21 janeiro 2011

Fora de casa


                  Lá fora, venta e faz frio. Um frio inebriante. A cidade anda com seus próprios pés. Os pássaros voam em direção ao sol, escondido entre as nuvens cinzas do horizonte. A chuva começa e estou lá; sinto cada gota, honesta, pesada e fria. Me pego pensando o que aconteceu. O dia passou e eu fiquei parada no mesmo lugar.
                 De alguma forma, o cenário muda e tudo parece ainda mais sombrio. De repente, já não é mais dia. A noite caiu, as estrelas tentam ofuscar sua luz mas parecem sem energia. Está escuro demais para enxergar qualquer coisa, o frio aumenta e venta mais forte. Já não sinto mais calor; o calor do meu corpo, o calor da cidade ou das pessoas, esvaiu-se. Então, eu respiro, para continuar viva. Mas o ar não passa. Começo a acreditar que estou morta.
                   Muitas coisas se passam pela minha cabeça e nenhuma delas parece ter sentido. É difícil dizer o que escuto; se é a densa mata ao meu redor ou palpitamento acelerado do meu coração. Ele me faz lembrar das coisas que sofri. Porém, eu nunca soube o que senti. Ou, pelo menos, nunca quis admitir. É díficil dizer com que exatidão eu fui retirada do meu próprio corpo.

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