09 dezembro 2011

Porto da saudade


                 Tudo não passa de um porto. Um branco-e-preto e inútil porto, que só me traz lembranças, só me traz saudades. Os mesmos bancos, os mesmos rostos. Nem mesmo mudaram os problemas. Cada passo, rastejado, naquele local repleto de desavenças era uma história para mim e para qualquer um ali imaginar. Podia ver, perto do cais, as diversas brigas entre os casais antes de o rapaz partir, ou mesmo a dama, ou aquele banco de madeira relaxado, mas colocado no meio do caminho exato entre dois grandes amantes e um abraço. Quando foi que aquele pequeno local apertado se tornara tão intenso e cheio de angústias? Tão cheio de coincidências? Ah... O porto da saudade, tão clara e facilmente indentificável, do píer ao cais. O mesmo porto que levou uma vida e agora me dá lugar garantido num espaço vazio e silencioso, onde só posso esperar e esperar e esperar... O cansaço bate; quero a vida que o navio me levou embora, aquela que continua na foto em preto-e-branco, pendurada na parede do meu coração.

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