18 julho 2011

Dê-me asas para voar

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              Por onde andou as décadas da minha existência? Aonde foram parar as histórias de uma vida inteira?
           A juventude em tardia, alheia a mim própria e sem poder retroceder no tempo. Descubro que não vivi esses anos todos. Os anos pararam nas fotos em preto-e-branco do álbum de fotografia antigo, jogado nas empoeiradas estantes da saudade. Nele havia inúmeros espaços em branco. Fotos não tiradas, momentos não vividos.
               A vida continuou, intacta; não aconteceu, nada mudou de forma alguma. Algumas coisas só ficaram nas lembranças que eu guardei ou nas que quis guardar. Algumas eu decidi simplesmente ignorar e deixar morrer, quando decidi esconder os sentimentos. Senti o pesar da dor, antes de cair sob os braços da tristeza e afundar. Minha cabeça teimava em tombar, o tempo parecia correr, acelerado, ilusório, perdido. Esse era um sentimento novo para mim, tanto quanto era insubstituível e, de certa forma, agonizante, só não sei dizer em quais proporções. Mas em cada parte desse ser monótono, eu vi a nítida impressão que a vida deixou: o passado não acontece se não estivermos presente.

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